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sábado, 27 de março de 2010

Entrevista: Real Enemy - skinzine (Eslováquia)


Uma das armas das resistências contra - culturais, de grande eficácia, é a imprensa alternativa! Desde as publicações de Mark P. e seu Sniffin´ Glue, e avançando para os artigos e poemas de Bushell e Johnson, até publicações independentes que adquiriram extensa distribuição mundial, como a Maximum Rock ´n´ Roll e Profane Existance, e milhares de fanzines publicados em condições precárias ou não, longe do controle das grandes empresas midiáticas, ela não sobrevive, VIVE!
Aqui, entrevistei Picko, um skinhead de 30 anos, editor da revista Real Enemy, da Eslováquia. Conheçam seu trabalho!

Vontade e Luta) Como nasceu Real Enemy?

Picko) Comecei a revista Real Enemy por volta de 2004 com meu amigo Miro. Nós temos totalmente sete números, escritos apenas em eslovaco. Recentemente, Miro deixou o trabalho no fanzine, e eu permaneci sozinho. Mas publiquei o oitavo número, parte deste escrito em inglês. Iniciei fazendo entrevistas com bandas de várias partes do mundo e a revista é muito bem conhecida na cena tcheca e eslovaca.

V&L) Conheço algumas bandas de seu país como Dowina e Ani Krok Spät. Fale-me sobre a cena skinhead na Eslováquia e como surgiu em seu país.

P) Dowina e Ani Krok Spät são bandas excelentes, mas elas são bandas Oi! Jovens. A melhor banda skinhead na Eslováquia é, com certeza, Incident. A banda começou a tocar em 1996 e foi a primeira banda Oi! na Eslováquia, onde haviam bandas nazistas. Realizaram vários álbuns. Ano passado lançaram seu último álbum “Navzdy a Vecne”. Grandioso demais distribuir seus CDs por € 8,00. Há outras bandas: Cenzura, Zaciatok Konca, Beer Street Bois!, mas a cena tcheca é muito maior. E como a cena começou? Foi muito difícil no começo dos anos 90, haviam somente skinheads nazistas! Como sempre, um número de pessoas mudou isto.


V&L) E como você mantém a alta qualidade nos gráficos e na prensagem de seu skinzine? É muito difícil para nós, editores de fanzines, principalmente ter uma distribuição. Conte-nos como você trabalha em sua publicação.

P) Dividi o trabalho na revsita por anos, enquanto eu fazia com Miro. Ambos cuidávamos do conteúdo gráfico. Agora é comigo, mas as pessoas estão me ajudando de toda cena das repúblicas tcheca e eslovaca. Faço as entrevistas, escrevo artigos sobre concertos... Apenas com a distribuição, amigos ajudam de diferentes cidades. Existem lojas dedicadas à subcultura skinhead, por exemplo: Hardset, Streetpunk e Working Class Shop. Estas são lojas que vendem vestuário, música, revistas e qualquer coisa envolvida com a cena. Elas são localizadas na República Tcheca, em Praga e Brno. Os gráficos estão bons nos últimos dois números porque são impressos na Eslováquia. Antes eram impressos na Bohemia. Os eslovacos tem uma grande tradição em impressão e publicação.

V&L) Você edita tudo sobre as preferências musicais de skinheads mundo afora. Você acredita que sua publicação é 100% musical? Por que?

P) Seguramente Pierre, agora não posso entender a pergunta corretamente. Você quer dizer por que é dedicado à música apenas minha revista? Porque é uma revista sobre Oi!, punk, hardcore e ska. Não sou interessado em política. Não gosto quando as pessoas juntam política e skinhead, nem esquerda ou direita. Aqui há pessoas nos concertos julgando pelo que está escrito em sua t-shirt. Mas particularmente asseguro: nem nazista, nem comunista, nós somos os skinheads! Mas no último número coloquei artigos sobre violência nos estádios de futebol e intervenções policiais.

V&L) Você conhece alguma coisa sobre a cena skinhead brasileira?

P) Sim, conheço algumas bandas e tenho alguns CDs do Dose brutal e li uma entrevista com o Legítima Defesa e um artigo sobre a cena brasileira no Backstreet Battallion site. E, claro, tenho uma demo do Última Classe que você me mandou e uma revista. Certamente escreverei mais cartas e envie alguns bons fanzines. Conheço você atualmente e espero que você escreva algo sobre a cena brasileira na revista Real Enemy.


V&L) Você lembra da época comunista em seu país? Como vivem na Eslováquia, após os anos vermelhos? Muitas mudanças em sua perspectiva?

P) Definitivamente sim, antes não podíamos viajar pelo mundo e não podíamos ter alguma opinião política. Roupas de marca e equipamentos, comprávamos apenas no Tuzex, loja especial para coisas deste tipo, com um preço bem alto! Mas, por outro lado, as pessoas tinham trabalho e qualquer coisa garantida! Mas hoje a vida é muito mais fácil em termos de viagem e compras. Considero que o regime antes de 1989 era difícil para punks e skinheads, concertos proibidos, censura de textos e cortes de cabelo punk. Antes de 1989 havia apenas uma banda skinhead na Eslováquia, o Krátky Proces, e a banda mais famosa da Bohemia, os skins do Orlik. Eles venderam centenas de discos após a Revolução em 1989.


V&L) E como vive além do Real Enemy?

P) Eu? Como vivo? Trabalho em um hospital como assistente de raio-X. Então, faço fotos daqueles que foram chutados por você na noite passada e estou olhando quanto de seu cérebro ainda está ali. Hobbies? Exercícios físicos e visitar castelos medievais, algumas vezes futebol, gigs e trabalhar no Real Enemy! Tenho uma esposa e uma criança de seis anos e outra está a caminho!

V&L) Gosto de perguntar sobre duas coisas importantes no universo skinhead: cervejas favoritas e seu time de futebol!

P) Cerveja favorita? Gosto de todas as cervejas, quando posso saio e tomo um pouco de cervejas com os amigos sexta à noite, mas não sei qual minha predileta ou mais popular. Provavelmente gosto mais da cerveja tcheca Gambrinus, Pilsner Urquell e Radegast. A cerveja eslovaca Corgo n e Zlatýbazant. Futebol vou principalnete para as partidas da seleção eslovaca, finalmente nos classificamos pela primeira vez pra Copa do Mundo! Também gosto do time tcheco Banik Ostrava e, da liga inglesa, o West Ham!

V&L) Existe uma grande amizade entre os skins eslovacos e tchecos. Eu vi em suas revistas, mostrando bandas e outras atividades no lado tcheco. Fale-me sobre isto, porque vocês viveram nas mesmas fronteiras por anos. Vejo como uma grande lição de tolerância!

P) Sim, país dividido mas uma única cena! Pessoalmente vivi sete anos na República Tcheca e tenho ótimas lembranças de lá e também dos amigos!
Nós temos línguas parecidas e nos entendemos muito bem, então sou muito feliz de que as pessoas da República Tcheca escrevam para o Real Enemy! É essencialmente uma revista tcheco-eslovaca!



V&L) Quando sairá um número do Real Enemy?

P) O próximo número do Real Enemy sairá no verão de 2010 (hemisfério norte)! Incluirá numerosas entrevistas: The Vendetta (Itália), Toro Bravo, Booze and Glory (UK/Polônia) e muito mais! Certamente tentarei escrever sobre a cena brasileira e publicar dezenas de resenhas de CDs, livros e revistas, anúncios, fotos... Será um bom trabalho, capa colorida, e permanece € 2,00!

V&L) Por favor, últimas palavras...

P) Últimas palavras? Obrigado pela entrevista e pela permissão e oportunidade para escrever em seu blog. Espero que tenha uma pequena amostra da cena eslovaca e tcheca! Boa sorte para seu trabalho no blog e eu mantenho meus dedos cruzados para continuar realizando um bom trabalho. Estou interessado na cena skinhead do Brasil, então sinto-me livre para escrever em poucas palavras... Espero sua cobertura sobre a cena brasileira! E tudo permanece: mantenhamos a cultura skinhead, não a política!

V&L) Danke! Gracias! Thanks! Muito obrigado!

P) Obrigado! Saudações de minha família para a cena brasileira! Agradecimentos especiais para meu irmão em Nova York: Andy T!
Endereço do Real Enemy: www.myspace.com/realenemyfanzine

Links tchecos e eslovacos, recomendados por Picko:

Skinzines:

http://www.backstreetbattalion.com/
http://www.skinread.wz.cz/

Gravadora:

http://www.rabiatrecords.com/

Lojas de acessórios e roupas skinheads:

http://www.hardsetshop.com/
http://www.streetpunk.cz/
http://www.workingclassshop.cz/

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