Quem são os Ovos Presley?
OVOS PRESLEY
Psycho Punk ‘a’ Billy Boogie
Em novo disco, Ovos Presley mostra por que é referência no psychobilly brasileiro
Por Alexandre Saldanha
Psycho
Punk ‘a’ Billy Boogie. O nome do segundo disco define bem o que é o
Ovos Presley: uma banda que flerta com todos os estilos acima, mas sem
ficar presos a rótulos. Anos depois do lançamento de A Date with Ovos, o
quarteto lança um disco com uma qualidade de gravação muito superior à
do seu antecessor. Quem acha que a banda queimou todos os seus hits no
primeiro disco, pode se preparar: Psycho Punk ‘a’ Billy Boogie traz
músicas que já fazem parte do repertório da banda há anos!
Pelo
menos metade das faixas do primeiro CD era cantada de ponta a ponta
pelos fãs nos shows do Ovos havia anos como “Cão sarnento”, “Mulher” e
“P.Q.P.”. No novo disco, as “clássicas” aparecem em menor número, mas
estão tão calejadas que a banda comandada por Ademir e Wallace já entra
em campo com boa vantagem. Não tem como fazer feio quando se tem nas
mangas cartas como a divertidíssima “Vai tomar no cu” (no repertório há
quase dez anos), “Mulheres de cinta-liga” e “Maldição do lobisomem”.
Como
uma voz infantil anuncia antes da primeira música, “é música do
demônio, posso sentir”. E realmente dá. O disco começa com a
instrumental “O vocalista fantasma” que mostra a veia cômica da banda e
flerta com a surf music a la Reverend Horton Heat, sem tirar o pé do
punk rock.
Seguindo
a linha punk, “Monstro doido” e “No meu carro” mantém o bom humor e
falam de drogas e bebedeiras. “Maldito cupido” é um escracho com o anjo
do amor, mas passa longe da delicadeza e inocência de Celly Campelo
(“queria ter um dia um coração de pedra/cuspir nesse cupido e mandar o
maldito à merda”). Se essas músicas têm um pé no punk, “Ver apodrecer” –
que fecha o disco - preenche todos os pré-requisitos para colocar
também o outro pé.
“Animal
demente” e “Noite de finados” têm levada punk, mas as letras doentias e
macabras deixam as duas músicas muito mais próximas do psychobilly.
“Bêbado maloca” é outra daquelas faixas que ficam no meio do caminho
entre o punk, surf e psycho – lição aprendida com Cramps.
Considerada
por muitos uma das maiores representantes da cena psychobilly
brasileira, o Ovos Presley faz jus à fama com a sequência “Mente
mentecapta”, “A noiva”, “Maldição do lobisomem” e Vampiras de Curitiba”.
Essa última conta uma invasão das filhas do Conde Drácula (“sanguesugas
miseráveis”) na capital paranaense com uma pegada acelerada guiada pela
bateria de Cidadão Rancor. Com uma pegada mais calma, “A maldição do
lobisomem” é a cara dos Ovos Presley, com uma pitada de jovem guarda
embalando letras inspiradas em filmes B. “Mente mentecapta” é levada por
uma guitarra quase-limpa que, em alguns momentos, lembra Meteors nos
primórdios.
Destaque para a canção "No Meu Carro"
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