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segunda-feira, 16 de julho de 2012

NOSSA ENTREVISTA: FANZINE O CARBONÁRIO!


1) qual foi o primeiro disco que vc comprou com o seu dinheiro?
Cara, eu comecei a ouvir rock com “Dookye”, do Green Day e com o “Nevermind”, do Nirvana, por influência do meu irmão mais velho. Em 1998, aos 13 anos, comprei meu primeiro CD, era o “Ninrod”, do Green Day.

2) e qual foi o primeiro livro que te marcou?
Até meus 15 anos lia poucos livros, preferia jornais e gibis. Mas o primeiro que me fascinou foi “Punk – Anarquia Planetária e a Cena Brasileira”, de Silvio Essinger (1999). Eu já gostava de som punk e mergulhei nesse livro de cabeça. Li e reli umas 5 vezes, e até hoje pesquiso informações nas folhas dele. Um ótimo material para iniciantes e obrigatório para quem coleciona cultura punk no Brasil.

3) Você lembra qual foi seu primeiro show underground?
Sim, não sei se era tão underground assim, mas foi “hardcore”. Em 1998 fui ver os Raimundos, em sua melhor forma, aqui em Taubaté-SP. Era a turnê do disco “Lapadas do Povo”, uma desgraceira danada. Fiquei até assustado com a altura do som e a violência sonora dessa que foi uma grande banda. Efetivamente Underground, meu primeiro evento foi um show da banda holandesa Bambix, que tocou em Taubaté em 2001, creio eu. Quem abriu o show foi o Street Bulldogs. Foi um grande show, e minha estréia oficial no cenário punk.

4) Já se envolveu com a cena zineira doa anos 90?
Comecei a colecionar zines relativamente tarde, em 2001, quando fui a um show do Dead Fish, Zumbis do Espaço e Dance Of Days em Campos do Jordão-SP, e lá o Nenê Altro (Dance Of Days) estava distribuindo uma edição do finado “Antimidia”, que tinha como destaque de capa os Zumbis do Espaço. Li e reli aquele fanzine muitas vezes e me apaixonei, tenho ele guardado até hoje. Comecei a pegar zines em tudo quanto era som que eu colava, e fui colecionando. Durante minha faculdade de Jornalismo (2003 a 2006) tive muito contato com zines variados, e tinha uma tremenda vontade de ter o meu próprio. Acabei me envolvendo na produção e apresentação de um programa de rádio, chamado “Gasosa Improvisada”, que era especializado em Ska. Isso meio que tomou o espaço do zine e me dediquei ao radialismo. Em 2010 deixei o programa, e em 2011 decidi começar a fazer meu tão sonhado zine pessoal. Foi quando surgiu O Carbonário.< /p> 


5) Você tem trabalha e um site de "ricos& famosos"? Alguma socielite ja desconfiou do seu lado rueiro?
Hahahaha acho que não. Meu trabalho na Revista Vitti é realmente apenas um emprego. Não sou entusiasta do “jornalismo social”. Trabalho como editor de texto e revisor pra pagar as contas e bancar as cervejas, os discos e a impressão do Carbonário. Até hoje as madames não se ligaram que o editor da revista estampada por elas é um skinhead bebedor de cerveja, torcedor fanático do E.C. Taubaté e fã de Oi e Ska, hahahaha.

6) Em 1992/93 foi lançado o livro BARULHO de andré bascinski, me lembro que foi bastante influente na questão da escrita rock n roll. acho ele nosso hunter thompson guardadas as proporções. Como rolou o contato com ele?
Acredite se quiser, mas não tive a oportunidade de ler esse famoso livro do Barcinski. Mas sei da importância histórica do material. Conheci o Barcinski lendo a biografia do Zé do Caixão, a qual achei sensacionalmente foda! Tomei mais proximidade com o trabalho dele também pelo blog dele, disponível no site da Folha de S. Paulo. Por lá comentava algumas coisas e mantive contato via e-mail. Ele foi super receptivo e me concedeu uma entrevista bem legal. Ele é, sem dúvida, um dos expoentes do jornalismo cultural, seja voltado ao rock, seja na música ou cultura pop em geral.

7) Glauco Mattoso, poe-pé-ta marginal dos anos 7o com o jornal doBrabil, tambem escreveu a coluna Banana Purgativa e Skill Skull na Chiclete com banana, anos 90 a Rotten Records com o Português, e na sequência a revisão na tradução do poeta argentino Borges e a escrita de trocentos sonetos. Como conseguiu que o cara ainda colaborasse com o seu zine?
Glauco Mattoso é uma das cabeças mais sensacionais da cultura underground brasileira. Tomei conhecimento do nome dele há muitos anos, quando conheci o finado selo Rotten Records, fundado por ele e o Português, ex-batera do Garotos Podres. Comprei o livro “Espírito de 69 – A Bíblia do Skinhead”, que foi traduzida para o português por ele. Meu primeiro contato foi por volta de 2002, quando eu, então começando a conhecer a história do Oi!, escrevi um e-mail pra ele perguntando se era possível conseguir material da Skrewdriver, a polêmica banda neonazista de Ian Stuart. Ele me escreveu de volta, explicando que era foda conseguir material no Brasil e tal, mas que ele tinha alguns discos comprados na gringa. O cara não só me gravou uma fita com sons da Skrewdriver, como me presenteou com a coletânea “Volta ao Mundo em Oi! tenta Minutos”, uma das mais fodas já lançadas pela Rotten Records. Foi quando comecei a pirarem Oi! Music. A partir daí mantive alguns contatos esporádicos com ele. Quando lancei o Carbonário, mandei um exemplar pra ele, e ele curtiu o trampo e disponibilizou dois artigos que ele escreveu: um sobre a banda 4-Skins, que está sendo publicado em capítulos atualmente no Carbonário; e um artigo bem completo sobre a Skrewdriver, que será veiculado no fanzine em breve. Publico também os sonetos dele como forma de valorizar a obra poética do cara, que pra mim é muito legal e uma das poucas coisas que eu consigo ler em poesia sem achar chato hahahaha.

8) O Fanzine Carbonário, presta tributo a varia(s) cultura(s) jovens urbana(s). Punk, OI! , Rockabilly e seus afluentes são abordados. O Carbonário zine acredita na união de punks e skins?
Não sei se é possível unir, mas é perfeitamente normal a aceitação e a tolerância entre as partes. Comecei ouvindo punk, me achava um anarquista. Depois conheci o Oi! e a cultura Skinhead, e mais pra frente curti Ska e Rockabilly. Ouço até country antigo tipo Johnny Cash e Hank Williams, e tenho coisas de trash metal e rock’n’roll. Não me prendo ao estilo, mas à qualidade. Claro que o Carbonário tem o Oi! e a cultura Skinhead como “linha-mestra”, mas há espaço para os estilos que eu curto. Freqüentei e freqüento eventos em que punk’s e Skin’s curtem, bebem e agitam juntos. Acho que não é tão difícil assim tolerar o cara que é um pouco diferente. Mas brigas sempre tiveram e vão ter.


Até agora teve uma entrevista ou amteria que vc tenha achado mais satisfatória?
Comecei o fanzine fazendo entrevistas, e acho que a de estréia, com o Tor, vocalista dos Zumbis do Espaço, foi uma das mais legais. Muito porque sou fanzasso da banda desde moleque, tenho tudo deles. Depois passei a publicar em capítulos o vasto artigo sobre os 4-Skins escrito pelo Glauco Mattoso. Creio que esse material do Glauco é valioso pra quem gosta de conhecer a história do rock por meio das palavras de quem conhece e gosta do estilo. Muita gente elogiou essa série do 4-Skins, e aposto minhas fichas que o especial sobre a Skrewdriver vai ser muito legal também. Tenho que agradecer ao Glauco Mattoso então né, já que o homem tá colaborando bastante.


9) Porque fazer um zine impresso em época de internet? Não seria antiquado ou fora de moda?
Nem um pouco. A internet é uma ferramenta incrível, que mudou nossa forma de nos comunicar. E para os fanzineiros, a internet é ferramenta primordial para ajudar em entrevistas, divulgação, contatos, etc. Mas ela não toma espaço do fanzine de papel. Um blog pode comportar infinitamente mais conteúdo que um zine de 16 ou 24 páginas, mas o valor de um zine em papel é bem maior. Muita gente coleciona zines, e gosta de adquiri-los em shows, exposições ou recebê-los pelo correio. Eu sou uma dessas pessoas, então decidi que O Carbonário seria um representante do tradicionalismo entre os zines.

10) Você mantém uma rede de contatos com seu zine? Como esta essa rede posta?
A rede cresceu mais rápido do que eu esperava. Estou completando agora em julho um ano de fundação do Carbonário, e de lá pra cá tenho quase 20 correspondentes fixos que recebem o zine via correio. Fora as muitas pessoas que pegam o fanzine nos pontos de distribuição e me mandam comentários, sugestões, etc. É muito bom me corresponder com gente da Paraíba, Rio de Janeiro e até do interior do Rio Grande do Sul. Há zineiros espalhados por todo canto do país.


11) Faça uma lista de 10 discos ou 10 músicas que mudaram sua vida ou que simplesmente você adore!
Listas são difíceis, poderia passar dias montando esse tipo de ranking, hahaha, mas aí vão 10 discos que escuto periodicamente:
1- Ramones – It’s Alive
2- Johnny Cash – American IV The Man Comes Around
3- Zumbis do Espaço – Abominável Mundo Monstro
4- Garotos Podres – Canções Para Ninar
5- Dropkick Murphys – Do Or Die
6- Agnostic Front – Riot Riot Upstarts
7- Flogging Molly – Live At Greek Theatre
8- Matanza – A Arte do Insulto
9- Motorhead – Ace Of Spades
10- Discipline – Saints & Sinners


12) Famoso espaço para o salve final, vende de produtos e deixe seu correio sentimental para mos fãs entrarem em contato. obrigado e longa vida O
Muito obrigado pelo espaço e parabéns ao Vontade & Luta por desbravar o lindo mundo dos fanzines impressos. Agradeço ao espaço e incentivo aqueles que gostam da cultura dos zines a fazer o seu próprio material, xerocar e trocar conosco. Quem quiser conhecer o meu zine, O Carbonário, basta escrever por e-mail para: ocarbonario@bol.com.br ou pode escrever carta para Av. Vila Velha, 339, Vila Albina, Taubaté-SP. CEP: 12052-250. Bandas que queiram mandar demos fiquem à vontade, e serão resenhadas. Valeu, grande abraço, e vida longa ao Oi!

Ronaldo Casarin
Editor Responsável


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